Perto da final, Brasil assiste tragédia e é derrotado pela Nigéria no gol de ouro

É bem verdade que a seleção da Nigéria era muito forte, mas o brasileiro quando se trata de futebol nunca consegue enxergar a vitória do outro e sim e tão somente a derrota de seu time. Ainda mais quando se está vencendo por 3 a 1 até os 33 minutos do segundo tempo e tem diversas boas oportunidades para ampliar e finalizar o placar em uma semifinal olímpica. A dolorida derrota brasileira aconteceu na prorrogação…

Tudo isso data de 31 de julho de 1996 quando Brasil e Nigéria se reencontravam dentro do torneio de futebol das Olimpíadas de Atlanta, valendo vaga para a final da competição. Se na primeira fase o Brasil saiu vencedor, desta vez a história foi diferente e num jogo emocionante a seleção africana venceu por 4 a 3, no conhecido gol de ouro.

O Brasil tinha um bom time, mas a Nigéria também, contando com jogadores que fariam vitoriosa carreira no futebol europeu, como o zagueiro Taribo West, o lateral-esquerdo Babayaro, o bom meio de campo formado por Amunike, Lawal, Babangida e o craque Okocha. No ataque, o rápido Amokachi e o oportunista Kanu, grande vilão brasileiro neste dia. Outro destaque, o atacante Ikpeba, entrou no segundo tempo.

Mas a seleção brasileira vinha bem na competição e tinha um time forte, tanto que saiu na frente logo com um minuto de jogo com Flávio Conceição, um dos melhores brasileiros na Olimpíadas marcando em cobrança de falta. O empate nigeriano veio aos 20 minutos ainda da primeira etapa quando o ligeiro Babayaro invadiu a área pela esquerda e bateu cruzado uma bola que iria pra fora se não fosse a intervenção de Roberto Carlos que acabou marcando contra. Antes a Nigéria já havia perdido duas oportunidades com Okocha e Babangida.

Ronaldinho em jogada genial reacendeu o time brasileiro. Ele avançou pela direita deixando dois marcadores para trás antes de bater para a defesa do goleiro Dosu. O rebote na pequena área ficou fácil para Bebeto recolocar o Brasil à frente aos 28 minutos de jogo. E se a arrancada do camisa 18 Ronaldinho foi fundamental para o segundo gol, a genialidade do camisa 9 Juninho Paulista foi o que desequilibrou para a marcação do terceiro gol, aos 38 minutos. Bebeto avançou pelo meio e levantou a bola para Juninho que na entrada da área deu lindo passe de peito para Flávio Conceição, mesmo sendo um volante, invadir a área e tocar com classe na saída do goleiro: 3 a 1 que dava tranquilidade para o Brasil, certo?

Parecia que sim. Ainda mais porque o Brasil voltou bem para o segundo tempo. Ousada, a Nigéria dava espaços para a Seleção Brasileira que não soube se aproveitar disso. Juninho chegou a marcar, mas em impedimento, Ronaldinho driblou o goleiro mas bateu para fora. Para completar a confiança brasileira na vitória, Dida ainda defendeu um pênalti cobrado por Okocha. A vaga na disputa do ouro olímpico estava mesmo muito encaminhada.

Até que Rivaldo perdeu a bola no campo de ataque, a Nigéria desceu com velocidade e aos 33 minutos, livre de marcação, Ikpeba bateu para diminuir o placar. E quando aos 43 minutos do segundo tempo uma cobrança de lateral se deu tal qual um escanteio, Kanu se colocou à frente de Dida dentro da pequena área, dominou no meio de uma série de jogadores brasileiros e ainda levantou a bola antes de girar e marcar o gol de empate.

Mas o torcedor brasileiro sequer teve tempo de sofrer na agoniante prorrogação em gol de ouro. Isso porque logo com três minutos Kanu recebeu passe de costas (sem querer) de um companheiro, limpou a frouxa marcação e bateu forte com o pé esquerdo para sacramentar uma das maiores derrotas do futebol do Brasil em toda a sua história.

Ficha técnica

Brasil 3×4 Nigéria

Data: 31/07/1996
Competição: Jogos Olímpicos de Atlanta
Local: Estádio Sanford Stadium
Público: 78.687 pagantes
Cidade: Athens (Estados Unidos)
Árbitro: José García Aranda (Espanha)
Auxiliares: Akif Ugurdur (TUR) e Heiner Neuenstein (ALE)
Gols: Flávio Conceição 1′, Roberto Carlos (contra) 20′, Bebeto 28′ e Flávio Conceição 38′ do 1ºT; Ikpeba 33′ e Kanu 43′ do 2ºT; Kanu, 3′ da prorrogação.

Brasil: Dida [Cruzeiro]; Zé Maria [Flamengo], Ronaldo Guiaro [Atlético-MG], Aldair [Roma] e Roberto Carlos [Internazionale-ITA]; Zé Elias [Corinthians], Amaral [Palmeiras], Flávio Conceição [Palmeiras] e Juninho Paulista [Middlesbrough-ING] (Rivaldo) [Palmeiras]; Bebeto [La Coruña-ESP] e Ronaldo [PSV Eindhoven] (Sávio) [Flamengo].
Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo.

Nigéria: Dosu; Oparaku (Oruma), West, Uche e Babayaro; Amunike (Ikpeba), Lawal, Babangida (Fatusi) e Okocha; Amokachi e Kanu.
Técnico: Jo Bonfrere.

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